revista fevereiro - "política, teoria, cultura"

   POLÍTICATEORIACULTURA                                                                                                    ISSN 2236-2037



 

Apresentação e tradução Ruy FAUSTO

Johann Wolfgang von Goethe

 


Frankfurt-sobre-o-Meno, 1749 - Weimar, 1832. O poema faz parte do West-Östlicher Divan (Divã ocidental-oriental) (1829), na seção Hafis Nemeh, Buch Hafis (livro de Hafis). Deve ter sido escrito entre junho e dezembro de 1814. Divãsignifica, em persa, uma coleção de cantos. Hafis é um grande poeta persa, do século XIV, que Goethe apreciava particularmente (o tema da circularidade remete à poesia de Hafis), e que ele conhecia pela tradução de Josef von Hammer. Discute-se o significado do verso “porque és mais velho, porque és mais novo”. Refere talvez ao próprio poema.

 

Ilimitado

Que concluir não possas, te faz grande,
E que jamais comeces, teu destino.
Teu canto gira qual celeste esfera,
Começo e fim perpetuamente o mesmo,
E o que oferece o meio, é manifesto,
É o que está no final e era o começo.

És, da alegria, a pura fonte poética,
Vagas e vagas, de ti, fluem sem conta.
A boca, aos beijos sempre pronta,
Canto profundo que, suave, eflui,
De beber, sempre ávida a garganta,
Um coração sem mal que se derrama.

Naufrague o mundo inteiro!
Hafis, a ti, só a ti, desafio.
Gêmeos, em comum nos valham 
o prazer e a  pena!
Que o beber e o amar, para mim, sejam
 - o que são para ti - orgulho e vida.

Ressoa, ó canto, à própria flama!
Porque és mais velho, porque és mais novo.

                          
 (com agradecimentos a Márcio Suzuki, sem responsabilidade, janeiro a março de 2013.) 


 

UNBEGRENZT     

 

Dass du nicht enden kannst das macht dich gross,
Und dass du nie beginnst, das ist dein Los.
Dein Lied ist drehend wie das Sterngewölbe,
Anfang und Ende immerfort dasselbe,
Und was die Mitte bringt, ist offenbar,
Das was zu Ende bleibt und anfangs war.

Du bist der Freuden echte Dichterquelle,
Und ungezählt entfliesst dir Well auf Welle.
Zum Küssen stets bereiter Mund,
Ein Brustgesang, der lieblich fliesset,
Zum Trinken stets gereizter Schlund,
Ein gutes Herz, das sich ergiesset.

Und mag die ganze Welt versinken !
Hafis, mit dir, mit dir allein
Will ich wetteifern ! Lust und Pein
Sei uns den Zwillingen gemein !
Wie du zu lieben und zu trinken,
Das soll mein Stolz, mein Leben sein.

Nun töne, Lied, mit eignem Feuer !

Denn du bist älter, du bist neuer.









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